Divulgação e Protecção do Património do Vale do Bestança
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O Rio Bestança

Caracterização

Nascente: Na Serra de Montemuro, junto às Portas de Montemuro, a uma altitude de 1229 m;
Foz: Souto do Rio, a uma altitude de 110 m
Extensão: 13,5 KM
Direcção: Nascente/Foz: SSE/NNV

Principais afluentes: margem esquerda: ribeiro de Barrondes, ribeiro de Enxidrô. Margem direita: Ribeiro de Alhões, ribeiros de Soutelo e Chã.

A bacia hidrográfica do rio Bestança está representada na Carta Militar de Portugal, escala 1: 25.000, folhas 136 e 146 dos Serviços Cartográficos do Exército, bem como na Carta Geológica de Portugal, escala 1:50.000, folha 14-A, dos Serviços Geológicos de Portugal.

Povoamento do Vale do Bestança: terço superior: povoamento de montanha mais aglomerado e espaçado entre os núcleos; terço médio e inferior: povoamento disperso apenas mais aglomerado junto das principais vias de comunicação e núcleos populacionais. A localização das casas dispersas não ultrapassa os 600 m de altitude, dominando a partir daí a floresta ou os terrenos onde a rocha aflora.

Exploração agrícola: disposição dos campos em socalco e lameiros declivosos no terço superior (solos de origem granítica – rocha-mãe: granito).

Economia do vale: Moinhos (em laboração ainda em Soutelo, Valverde, Pelisqueira, Pias, Cinco Rodas); Produtos agrícolas (milho, feijão, batata, vinho, castanha, mel).

Flora: Na área de maior altitude predomina a vegetação subarbustiva ou herbácea; Castanheiro (Castanea sativa Miller): em Soutelo e Daixa; Carvalho (Quercus sp), nas faldas de Alhões, Pelisqueira; Pinheiro bravo (Pinus pinaster Aiton), Mourelos e Valverde. No leito do rio desenvolve-se o amieiro (Alnus glutinosa), freixo () e salgueiro (Salix sp). Dispersos pelo vale, também podemos encontrar Crataegus monoginea, Prunus sp.

Fauna: Lontra, ginetes, gatos-bravos, raposa, javali, texugo, salamandra lusitânica, Melro-de-água; alvéola, gaio, ujo, coruja, milhafre. Espécies piscícolas: truta, iró, boga.

Geologia do leito do rio: Granito porfiróide de grão médio.

Património a visitar

Património religioso: Igreja de Ferreiros de Tendais, com especial atenção para os altares barrocos e caixotões do tecto; Igreja de Santa Cristina de Tendais e Igreja matriz de Cinfães; Capela de São Pedro do Campo.

Muitas alminhas e cruzeiros dispersos ao longo dos caminhos. Destacamos o cruzeiro no adro fronteiro à capela de São Sebastião, em Mourelos, Tendais.

Zonas arqueológicas: Castro do Monte das Coroas em Ferreiros e Castêlo de Tendais em Tendais (povoados da Idade do Ferro); Quinta da Chieira (vestígios da ocupação romana) em Cidadelhe.

Aldeias com motivos de interesse: Alhões (relevam no centro da aldeia os solhais, as alminhas incrustadas nas paredes do casario e a igreja de Alhões em cujo adro os habitantes negociavam com os maiorais a renda a pagar pelos rebanhos da Serra da Estrela na época da transumância) Bustelo, onde se destaca a laje que funciona como eira comunitária e que deu o nome à aldeia; o casario é muito interessante também, assim como os caminhos medievos que levam ao Bestança e aos moinhos da Costa Limpa; Chã, onde existiu a célebre torre de Chã edificada por Geraldo Geraldes o Sem Pavor e donde se avista o cerro do Monte Faião; interessante os castanheiros seculares à saída para norte da aldeia, no caminho para o Bestança, que dois homens mal abarcam;

Boassas, classificada em 1938 como a segunda aldeia mais portuguesa de Portugal. Interessante o casario apinhado da Arribada e a capela oitocentista onde sobressai no seu interior dois altares laterais e os caixotões do tecto que retratam a paixão de Cristo.

A merecer vista também as aldeias de Pias (pelo seu casario em que relevam exemplares de arquitectura tradicional), Vila de Muros (de que destacamos a casticidade da aldeia e o bonito edifício da Escola Primária ” Andrade “). Outras aldeias com interesse: Vila Viçosa, Marcelim, Mourelos, Meridãos (com interessante cruzeiro do centenário) e Soutelo (do caminho que parte da aldeia para o Bestança alcança-se uma magnífica vista sobre o vale do Bestança e as leiras estratificadas da Granja que atestam com o rio).

Percurso Pedestre: Início e termo: Largo da Nogueira, aldeia de Vila de Muros. Seguir pela estrada de asfalto e virar à esquerda no caminho a seguir ao cemitério. Passar a ponte de Covelas sobre o Bestança e subir até à aldeia de Covelas. Na primeira cortada virar à direita seguindo em frente pelo caminho da Carreira Chã. Este caminho cruza dois ribeiros e desenvolve-se perto da margem direita do Bestança. Ao chegar às fragas da Arruínha virar à direita e descer pela tapada até uma ponte de cimento que atravessa o rio. Está agora no Prado. Siga pelo caminho lajeado até Valverde e depois pelo asfalto até Vila de Muros onde termina o percurso. Motivos de interesse: Ponte de Covelas, aldeia de Covelas, caminho da carreira Chã, pontes de madeira do Prado, moinhos, ribeiro de Barrondes, rio Bestança, fragas da Arruínha sítio de nidificação do milhafre.

Deve munir-se com desdobrável editado pela C.M.C. e pela ADVB.
O percurso está marcado e sinalizado.

Infelizmente, uma parte do percurso (zona da carreira Chã) ardeu. As marcas foram apagadas pelo que voltarão a ser por nós repostas. Além da tristeza que sentimos fica-nos a indignação pelo património florestal destruído. Continuaremos porque o conformismo é o refúgio dos fracos.
Devido ao incêndio recomendamos que o percurso se faça depois da Primavera, altura em que a natureza, fruto de uma regeneração exemplar, volta a emprestar o verde às agora terras áridas e negras. O verde da esperança…

Principais sítios de veraneio

Poço do Morangueiro (Cinco Rodas), Pias (a montante e jusante da ponte de Pias), Poçoa das Aveleiras (Açoreira) , Poço Negro e Poço das Mulheres (Covelas).

Referências

Fonte: Monografia de Cinfães, caderno de Geografia: Autora: Maria Isabel de Sousa Vasconcelos.
Bestança – Por caminhos e veredas. Autor: Jorge Ventura.
Retratos de Família. Autor: Nuno Mendes.
Montemuro – Última Rota da Transumância. Autor: Filomeno Silva.
Revista Terras de Serpa Pinto.