Caros Amigos,
O Luís Rio, o nosso estimado e querido amigo, já não está entre nós.
Partiu para a eternidade num dia de sol e luminosidade amena. Aquela luz de que ele tanto gostava na natureza, aquela amenidade que tanto apreciava.
O Luís era assim, ameno como a luz de outono, brilhante como o sol primaveril. Conhecemo-lo um dia quando se inscreveu numa descida do Bestança, já lá vão uns 15 anos. Ele amava o rio e o vale do Bestança. Adorava Cinfães.
Logo se inscreveu na Associação para a Defesa do vale do Bestança para melhor poder defender o ambiente e o património desta região.
Nos serões do vale, na escola centenária de Vila de Muros, conheceu a Lénia. Aqui casaram, na capela do lugar, numa cerimónia linda, e mais se arreigou nele o empenhamento numa cidadania ativa na defesa dos valores ambientais.
O Luís queria construir um mundo melhor e determinava-se por princípios e valores dos quais não cedia, porque eram princípios que queria incutir na sua filha que o Luís e a Lénia desde cedo trouxeram ao Bestança e ao nosso convívio.
Vivia uma vida simples, desfrutando dos prazeres simples da natureza sempre orientado por uma conduta em defesa do mundo natural.
Adorava o convívio dos serões, vinha de propósito do Porto ou de Mirandela para um jantar. E trazia sempre um sorriso, uma palavra quente, uma irradiante boa disposição.
Um dia trouxe um painel solar para o Prado. Carregámo-lo de Valverde até lá ao fundo. Chegámos extenuados mas felizes. Noutra altura veio de propósito às 7H00 da manhã para colhermos amostras de água no rio e logo as levar para o Instituto Ricardo Jorge. Preocupava-se com a qualidade da água e não suportava que águas límpidas pudessem estar a ser contaminadas por descuidada ação humana.
Vinha aos sábados para ajudar, cheio de entusiasmo, nos trabalhos de manutenção da sede e do refúgio no Prado.
E quando chegava distribuía aquela alegria contagiante, aquele olhar humilde mas sábio, construtivo. O Luís não falava alto, falava até muito brandamente, mas era muito escutado por todos nós.
Era também um companheiro de caminhadas, solidário, atento, sóbrio. Adorava percorrer e conhecer todos os caminhos do Bestança e do Montemuro e mais além, nos alcandorados Picos da Europa. Ah Luís, a alegria da viagem na carrinha dos seus pais, aquela descida do canal de Trea, aquela subida ao Urriellu!
O Luís respeitava todas as pessoas e só queria o seu bem-estar. Era sensível, culto, generoso.
Como poderemos esquecer a injustiça da perda desta vida que só almejava o bem, que era um exemplo como amigo, marido, pai, cidadão.
Na Associação temos um lema: “Bestança, o rio de todos nós”.
Para a eternidade temos o Luís Rio, o Rio de todos nós!
Foi um privilégio tê-lo tido como nosso amigo.
Até sempre, caro Luís.
Jorge Ventura
No nefando dia 18 de Fevereiro de 2017